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http://monografias.uem.mz/handle/123456789/1412
Tipo: | Trabalho de Conclusão de Curso |
Título: | O diálogo das escritas em ualalapi e os leões não dormem esta noite |
Autor(es): | Cossa, Benedito Ruben |
Primeiro Orientador: | Chaves , Rita |
Resumo: | A presente dissertação é um estudo que tem o objectivo de demonstrar que as obras Ualalapi, de Ungulani Ba Ka Khosa, e Os leões não dormem esta noite, de Guilherme de Melo, se constroem na base de um dialogismo. A escolha destas duas obras baseou-se no facto de ambas abordam o mesmo tema, que é Gungunhana e o Império de Gaza. Para o efeito, seguímos uma metodologia que consistiu na análise intertextúal, que nos permitiu interpretar as diferentes formas de abordagem que os dois autores fazem do tema. Demonstrámos ao longo da análise que este dialogismo ocorre em três níveis a saber: o da oralidade com a escrita, o do discurso da História com a ficção e o do discurso bíblico com a ficção. Em Ualalapi, o dialogismo assenta principalmente sobre uma das figuras da intertextúal idade, a amplificação, entendida como "a transformação dum texto original por desenvolvimento das suas virtualidade semânticas", através da qual a obra orienta- nos para diversificadas leituras. Com efeito, através da amplificação, Ualalapi dialoga com diferentes tipos de discursos, quer recorrendo às fontes da História colonial, quer a citações bíblicas e, nalgumas vezes, às fontes da tradição oral, que servem de mote cujo sentido é sempre desenvolvido nos contos que precedem. Os leões não dormem esta noite também constrói-se na base de dialogismo, quer através de um processo intertextúal que consiste na inserção (engate) de textos de natureza diversa (cartas, familiares e oficiais, extractos de relatórios, de artigos de jornais, etc., que corroboram a opinião do narrador, bem como de aspectos que remetem o leitor para universos culturais tanto africanos como ocidentais, que no contexto do seu texto geram novos significados. Enquanto Ungulani recorre à narrativa curta, o conto, o que lhe permite aproximar-se mais do registo da oralidade, Guilherme de Melo serve-se da narrativa longa, o romance, com tendência para o discurso reportado, insinuando-se deste modo os modelos de registo que cada um dos autores privilegia na sua obra. Por outro lado, enquanto Ualalapi desmitifica algumas versões correntes da História (a colonial e a revolucionária) sobre Gungunhana, apresentando-o como um monstro, Os leões não dormem esta noite recupera a imagem heróica do Imperador de Gaza, apresentando-o vestido de dignidade e humanismo. Estes posicionamentos diferentes sobre a mesma realidade têm a ver com os valores ideológicos que cada um dos autores pretende veicular através da sua obra. A obra de Ungulani aponta para um passado histórico que foi o Império de Gaza e projecta-se para o presente em que vive, dos primeiros anos da independência de Moçambique caracterizados, à semelhança do Império de Gaza, pelo despotismo e desmandos cometidos pelo regime de inspiração comunista então instituído. Guilherme de Melo também parte desse passado, e apresenta-nos um Gungunhana não preocupado com os acontecimentos do passado, assumindo-os como resultado da providência divina, mas sim com o estabelecimento de uma ponte de entendimento entre os povos moçambicano e português. E os pilares dessa ponte são os dois protagonistas de Chaimite em 1895: Mouzinho de Albuquerque e Gungunhana. Por isso, ao discurso áspero de Ualalapi, que acentua o carácter despótico do Imperador de Gaza e a atmosfera violenta da realidade a que se refere, contrapõe-se o discurso complacente de Os leões não dormem esta noite, que ameniza os erros do passado procurando criar uma convivência harmoniosa entre o ex- colonizado e o ex-colonizador. |
Abstract: | The present dissertation is a study that aims to demonstrate that the works Ualalapi, by Ungulani Ba Ka Khosa, and Os leões não dormem tonight, by Guilherme de Melo, are built on the basis of a dialogism. The choice of these two works was based on the fact that both address the same theme, which is Gungunhana and the Gaza Empire. For this purpose, we followed a methodology that consisted of intertextual analysis, which allowed us to interpret the different ways of approaching the two authors to the theme. We demonstrated throughout the analysis that this dialogism occurs at three levels, namely: o from orality to writing, the discourse of History to fiction and that of biblical discourse to fiction. In Ualalapi, dialogism is mainly based on one of the figures of intertextuality, amplification, understood as "the transformation of an original text by developing its semantic virtuality", through which the work guides us to different readings. Indeed, through amplification, Ualalapi dialogues with different types of discourses, either using the sources of colonial history, biblical quotations and, sometimes, the sources of oral tradition, which serve as a motto whose meaning is always developed in the tales that precede. The lions don't sleep tonight is also built on the basis of dialogism, either through an intertextual process that consists of the insertion (coupling) of texts of a different nature (letters, family and officers, extracts from reports, newspaper articles, etc. ., which corroborate the narrator's opinion, as well as aspects that refer the reader to both African and Western cultural universes, which in the context of his text generate new meanings. While Ungulani uses the short narrative, the short story, which allows him to get closer to the register of orality, Guilherme de Melo uses the long narrative, the novel, with a tendency towards reported discourse, thus insinuating the models of registration that each of the authors privileges in their work. On the other hand, while Ualalapi demystifies some current versions of History (colonial and revolutionary) about Gungunhana, presenting him as a monster, Lions do not sleep tonight recovers the heroic image of the Emperor of Gaza, presenting him dressed in dignity. and humanism. These different positions on the same reality have to do with the ideological values that each of the authors intends to convey through their work. Ungulani's work points to a historical past that was the Gaza Empire and projects itself to the present in which he lives, from the first years of Mozambique's independence characterized, similarly to the Gaza Empire, by the despotism and misdeeds committed by the regime of Communist inspiration then instituted. Guilherme de Melo is also part of that past, and presents us with a Gungunhana not concerned with the events of the past, assuming them as a result of divine providence, but with the establishment of a bridge of understanding between the Mozambican and Portuguese peoples. And the pillars of this bridge are the two protagonists of Chaimite in 1895: Mouzinho de Albuquerque and Gungunhana. For this reason, Ualalapi's harsh speech, which emphasizes the despotic character of the Emperor of Gaza and the violent atmosphere of reality to which he refers, is opposed to the complacent speech of Les lions do not sleep tonight, which softens the mistakes of the past by seeking to create a harmonious coexistence between the ex-colonized and the ex-colonizer (TRADUÇÃO NOSSA ) |
Palavras-chave: | Diálogo das escritas Obras ualalapi Os leões não dormem |
CNPq: | Linguística, Letras e Artes |
Idioma: | por |
País: | Moçambique |
Editor: | Universidade Eduardo Mondlane |
Sigla da Instituição: | UEM |
metadata.dc.publisher.department: | Faculdade de Letras |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://monografias.uem.mz/handle/123456789/1412 |
Data do documento: | 22-Fev-2001 |
Aparece nas coleções: | FLSC - Linguística |
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